“Cabe a nós identificarmos as portas que estão sendo abertas, ao invés de repetir o discurso de que não há mais portas a serem abertas”
Do coletivo Zagaia
Coletivo Zagaia (CZ): Pensamos em iniciar nossa entrevista, Vladimir, perguntando sobre sua trajetória, como você chegou, desde a formação em publicidade e filosofia e agora, ocupando espaço na mídia. Assim, um primeiro ponto interessante seria: como se deu a sua passagem da publicidade para a filosofia?
Vladimir Safatle (VS): Não teve passagem. Eu fui fazer publicidade para esconder que ia fazer filosofia. É um pouco como acontecia no começo do século XX: todo mundo ia fazer direito, quando queria fazer outra coisa. Quando eu entrei na faculdade, Collor havia ganhado, o muro de Berlim tinha caído e lembro-me da impressão de não ter muito por onde escapar. Então, como a minha família é de imigrantes, quando eu falei que eu ia fazer filosofia, todo mundo levou um susto. Diziam: “Não é possível! Vou ter que dar dinheiro para você a vida inteira!” Daí, inventei um outro curso. Na verdade eu escondi que fazia filosofia. Read More